A vida é suportar seu estilo próprio de viver. Cazuza que me desculpe o adendo, mas, pegando carona em sua composição, além do amor, também a vida se inventa e reinventa!
Estamos passando por uma espetacular mudança de paradigma: da era industrial para a era da informação. Nesse sentido, as pessoas estão sendo demandadas a buscar formas de viver numa sociedade sem padrão - que em psicanálise chamamos da “época do Outro que não existe"!
Temos pistas disso a partir das diversas manifestações da sexualidade, das formas de comunicação viabilizadas pela evolução da tecnologia, das relações que são mais horizontais e menos hierarquizadas. Isso quer dizer que há uma transição importante em jogo e que as pessoas têm encontrado soluções inusitadas para acompanhar essa nova era.
A globalização desregulou a ordem social, a economia não respeita fronteiras. O que fazer diante disso, se desesperar ou se reinventar?
Nós nos comunicamos no dia a dia muito mais do que conseguimos ter consciência, a partir de gestos, expressões, sons, silêncios. Isso quer dizer que em nossa própria comunicação há algo que nos é intencional, consciente, verbalizado, e outra parte que nos escapa, que não consegue ser decifrável, categorizável, como a comunicação não-verbal. Freud revela bastante sobre isso quando coloca, por exemplo, o quanto das piadas que fazemos dizem sobre nós ou quando descreve suas descobertas entorno dos sonhos, que revelariam, segundo seus estudos, algo do íntimo, da verdade e dos desejos de cada um.
Há muitos que temem frente à evolução tecnológica. Se há algo que distingue o homem da máquina, afinal, é exatamente sua marca inexata, imprecisa. Não só isso: também inexistente! Portanto, entre o corpo e a expressão há algo, e esse algo é um buraco no qual nada se contempla, se metaforiza ou se alcança.
Saber da nossa impotência se relaciona com outras perspectivas do que seria a felicidade. Muito distante daquela que aponta a felicidade como o pote de ouro ao final do arco-íris, que, como todo mundo bem sabe, é inatingível, a felicidade seria algo de uma verdade. Não de atacado, mas de varejo: a reinvenção que é possível de ser feita a partir das contradições de cada um.
Sem melodrama barato, destaco aqui a verdade da experiência da vida, que implica algo do atravessamento singular, do que se faz intimamente a partir das vivências dos conflitos, engodos, das questões de cada um. Por isso o campo da verdade que se apresenta é justamente o espaço do que é paradoxal, ambivalente e impreciso.
Talvez seja essa a maior mudança de perspectiva que teremos de lidar a partir de agora, a demanda social pela busca de sentidos para a vida que, uma vez que não passam mais por padrões sociais rígidos, questionam:
Quais experiências que passou que te constituíram?
Quais foram os valores absorvidos a partir delas?
Qual é a invenção da vida que foi possível para você?
Na verdade, antes de um padrão imposto de fora para dentro, o bonito que nos proporciona essa nova conformação social é a pluralidade. As pessoas nos relatarão como é para cada uma viver no mundo.
Com isso, as definições de bolso cada vez mais ficarão para os estudos de história, ou seja, não são mais as respostas prêt-à-porter o que gerará o conforto, mas, ao contrário, a própria fonte de angústia.
O que passa a ser valorizado é o respeito à diferença em seu aspecto mais profundo, pois a diferença não representa mais uma ameaça ao main-stream, ela passa a ser o próprio main-stream!
Essa é a marca da globalização: o sacode para que cada um encontre seu estilo próprio de viver.
Qual a vida que vale a pena ser vivida para você?
Se tiver alguma outra questão, escreva nos campos abaixo através de sua inscrição. Para encontrar outros conteúdos de seu interesse, acesse diretamente a lupa de busca à cima do texto.
Nos vemos em breve, até!!
REFERÊNCIA
FORBES, JORGE. VOCÊ QUER O QUE DESEJA?. 12 ED. MANOLE, 2003.
Comments